domingo, novembro 01, 2009

Linchamento Acadêmico

Geisy é uma jovem de vinte anos, bonita, atraente e certamente cobiçada por muitos homens de idades, grau de escolaridade e credos variados. Ela é estudante de Turismo na UNIBAN ABC. Geisy quase foi linchada e estuprada pelos colegas num dia em que resolveu ir cm um vestido talvez pouco apropriado para a ocasião.
Pode-se discutir a pertinência de certos tipos de roupa em universidades, mas cada vez mais essa discussão perde o sentido, pois é muito comum ver homens e mulheres usando bermudas, roupas decotadas e curtas. Pode-se discutir moralismos pautados em opções religiosas e individuais – homens e mulheres podem julgar determinados tipos de roupas contraditórios com sua fé pessoal – eu mesmo tenho e já tive colegas que usam véus e roupas que cobrem todo o corpo na universidade em que estudo. O que não se pode questionar é o respeito o ser humano, independente da roupa que ele esteja usando.
Alegou-se que Geisy estava gostando do alvoroço que causou entre os colegas e que os estimulou levantando a já curta barra do vestido, que os seguranças deveriam tê-la barrado já na entrada – embora outras garotas e a própria Geisy já tivesse ido à aula com roupas do mesmo padrão – e um professor da UNIBAN, que sequer viu a jovem, é da opinião de que a garota estava vestida muito mal e que a culpa do tumulto é exclusivamente da jovem.
O caso é nojento. O comportamento animalesco dos “universitários”, certamente ocorreu porque os jovens, preconceituosos, que se achavam no direito de humilhar, ameaçar e perseguir uma jovem por ser ela bonita e estar vestida de modo sensual, julgam a si mesmo superiores à normas, contratos sociais e à própria jovem; afinal, a jovem, “que se vestia como garota de programa” – opinião com a qual não partilho – dava o direito a cerca de 700 jovens de até mesmo estuprá-la, como alguns chegaram a sugerir. Além da falta de respeito às mínimas regras de convivência, aqueles “estudantes” contavam com a impunidade – que certamente virá, pois em algumas semanas todo mundo vai esquecer o que aconteceu e a universidade não pensa em perder 700 pagantes, certamente muitos deles com a receita garantida, bancados pelo PRO-Uni.
O que pode servir de conforto para a sociedade – seriam esses jovens os futuros governantes do Brasil e estaríamos condenados a uma volta ao feudalismo? – é que a maioria absolutíssima daqueles pequenos monstros não chegará a grandes feitos acadêmicos e profissionais, acredite. Apenas um ou outro daqueles canibais ascenderá e terá alguma influência no destino do nosso país.
Agora, o que é triste mesmo é que fatos como esses nos deem a certeza do que algo no meio acadêmico, ainda mais nessas “universidades” sem projeto pedagógico consistente, ocupadas que são em aumentar o número de clientes se ma menor preocupação em aumentar a qualidade de seus cursos, algo vai de péssimo a horripilante. Quem não aprende a respeitar o próximo e consegue, sem o menor remorso, se colocar a cima dele não aprendeu absolutamente nada de útil para si mesmo ou para a sociedade.

Um comentário:

Dunha Freitas disse...

Eu acho que aquele comportamento não se justificaria nem se ela estivesse nua em pêlo. Ninguém deve ser tratado dessa maneira.

A única maneira da Uniban melhorar um pouco sua imagem seria expulsando os participantes daquela escrotisse, mas isso dificilmente acontecerá.

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