sábado, fevereiro 14, 2009

Por Onde Andei...
Não é meu hábito ficar contando aqui o que fiz ou deixei de fazer durante a semana; na verdade, nem gosto muito de blogs assim, a não ser que a pessoa tenha algo realmente interessante a dizer sobre sua rotina, e revisar, lecionar, escrever e ler não são assuntos que gerem grandes relatos diariamente, ainda que sejam atividades muito prazerosas. Mas abro exceção para falar de uma oficina que ministrei na agência de publicidade Giovanni+ DraftFCB, em seus escritórios do Rio e de São Paulo. Poucas vezes trabalhei, me diverti e conheci pessoas legais, bem-humoradas, tudo ao mesmo tempo! O assunto, apesar de não ser dos mais apaixonantes – a temida Reforma Ortográfica – rendeu bons comentários, gostosas risadas e algum terror nos oficineiros. Poucas vezes fui tão bem-tratado em um empresa e, ao menos no período em que passaram na oficina, com um clima tão ameno. Deu até vontade de ser publicitário! Mas, para o bem ou para o mal, a educação e a literatura ainda têm o meu passe.

Segunda-feira posto artigo sobre a APEOESP e a lambança que foi esse caso de prova pra professor temporário, liminar aqui, acusação ali...

domingo, fevereiro 08, 2009

desenterrei meus voos
caí na amplidão
criei raízes
Perspicaz
Só quero é me iludir
Nesse rosto meio de fada
Nesse corpo meio de musa
Nesse riso, meio menina
Com meu jeito, meio idiota.

sábado, fevereiro 07, 2009

Todo mundo é poeta frustrado
A verdade é que todo mundo quer ou quis ser poeta. Guimarães Rosa, Jorge Amado, Fernando Bonassi, Marcelino Freire, Luiz Ruffato, Machado de Assis, Nietsche... acho que todo prosador quer é mesmo ver as palavras se engatando umas nas outras até gerarem sons, imagens, versos, ritmos... aí já acho que todo poeta almeja a música, menos o João Cabral!
Quanto escritor famoso começou rabiscando versos para depois perceber que não tinha muito jeito pra coisa e, incapaz de abandonar as letras, pulou para a prosa, sem perder a paixão poética?
Atualmente, a poesia parece perdida, esquecida, sem graça, feita meticulosamente por especialistas, saída de tubos de ensaio, grossos dicionários, engordurados microscópios, a famosa poesia de gabinete. Mas não é verdade que a poesia morreu, ou que agoniza, pois a prosa do Marcelino é poesia em flor, a de Luandino é mel sem versos, a de Guimarães Rosa é poesia em estado puro, como João Cabral, Drummond e Gullar resvalam na prosa, derretem o verso, sem perder a poesia. Pouca gente percebeu, mas já era assim com Graciliano, a poesia por detrás das palavras, por dentro da prosa, alinhavada. E também há os bons poetas tradicionais, com verso ou rima, sempre com ritmo. Nos saraus pelas periferias, em alguns volumes lançados pelas menos covardes editoras, nos blogs, na ponta da língua, no meio da rua, mas sempre refeita, brincalhona, faceira...
É que não faz sentido brincar com palavras se for apenas para elas todas saírem como a fala pálida de fila de banco, repartição pública ou telefonema de telemarketing. A palavra entalhada no papel, quando é pensamento, ideia e literatura, precisa ser estética.
Mas às vezes eu acho que me contradigo. Machado de Assis, nosso mestre, era praticamente anti-poético, até nos poemas! Contudo, o bruxo do Cosme Velho, que dominava a palavra, lidava mais com o pensamento, com a filosofia, mas de maneira tão elegante que a gente até pensa que aquilo é Literatura! Não é. Ou é? Literatura sem poesia? É possível? Só pra os mestres.
Machado brincava na casa da ironia, fingia desleixo, dava seu ritmo, pintava máximas, poeta de sintaxes e ideias. Machado máximo.
Não fosse a poesia, não existiria Literatura em prosa, em fala – o teatro, a canção, o repente – em imagem – a pintura, o cinema, que também é de luz e sombra. Não fosse a poesia, não existiria revolução, reforma, evolução, desejos, amores românticos ou a busca da verdade.
Deus é muitas coisas: amor, juiz, rosa, sol, graça; mas só aparece para os homens em verso, mesmo quando fala em prosa.

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