sexta-feira, setembro 17, 2010

II (o segundo contra-aforismo)

O que é bom? Tudo aquilo que nos humaniza, a ponto de não precisarmos correr atrás de poder. O que nos irmana, seja a lágrima, seja o riso. Trufa de chocolate. A compaixão. Gelatina, qualquer que seja o sabor. As pedaladas de Robinho, a competência plástica dos gols de Ronaldo, a dança aérea de Michael Jordan, a genialidade de Ganso. Os versos de Bandeira, a pulsação de Cabral, a vertigem de José Régio, o espanto de Clarice, o louco teatro de Fernando Pessoa, a palavra encantada de Drummond, a infância de Manoel de Barros. Pular ondas na praia numa tarde quente. Cheiro de criança (dizem que elas têm o odor divino). Chico Buarque e Edu Lobo. A cidade do Rio de Janeiro. O avesso da guerra. A virtude com aroma feminino. Uma boa conversa silenciosa com Deus.
O que é mau? Tudo que somos capazes de fazer por um minuto mal aproveitado de prazer, tudo o que nos automatiza, nos esvaziando de emoções, tudo aquilo que nos ilude, nos fazendo caçar vorazmente aquilo que acreditamos ser o poder.
Além, disso, o Corinthians, o João Kleber, o Sergio Naya, a família Bush, couve manteiga e repolho refogado, crises de TPM (principalmente se você for homem), escolher a cor da cortina e boa parte dos membros das famílias imperiais de Alagoas e do Maranhão também. Tudo isso representa a gana e as ilusões do poder – menos o Corinthians, mas nem por isso ele deixa de ser ruim...
Quanto aos fracos, aos incapazes: que Deus tenha misericórdia de nós, nos fortaleça e nos carregue em seus braços. Quanto aos fortes: que Deus os perdoe.

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