segunda-feira, outubro 25, 2010

Contra-aforismos III e IV de O Anticristo, de Nietzsche

III
A questão não é criar uma guerra de argumentos para defender o cristianismo. A questão é almejar ser como Cristo. Ele, que sendo poderoso, fez-se de fraco no meio dos fracos; que direcionou seu olhar e seus atos aos que eram sabidamente inferiores – a chamada raça humana de um modo geral. O cristianismo como sistema religioso e político não nos interessa justamente por ser faminto de mais e mais poder. O cristão como espelho, ainda que muito embaçado, de Cristo: esse é o objeto de nossa defesa e admiração, a nossa meta. Percentualmente falando, não há muitos desses caras por aí, não...

IV
Concordamos com o bigode: Desenvolver-se não significa forçosamente elevar-se.
Discordamos do bigode: o tipo superior, principalmente o que tem consciência disso, costuma ser o que mais dá mostras de que a humanidade é capenga.
Quanto ao Super-Homem: o Batman e os X-Men não são mais legais justamente por que são humanos, demasiadamente humanos? Jorel só é interessante como metáfora do Cristo encarnado. Contudo, não nos identificamos com ele, apenas o admiramos e dependemos dele. O quê? Vai dizer que você nunca desconfiou de que o Super-Homem é uma espécie de Jesus do gibi?
Entretanto, Nietzsche não leria gibis, mesmo que o desenhista fosse Leonardo da Vinci – mas o Salvador Dalí não é muito mais legal? Ah, o bigode diria que a arte surrealista é sintoma de grave doença social...

Nenhum comentário:

Seguidores