sexta-feira, novembro 12, 2010

Pastor ou hiena?

Sempre é triste para um cristão ouvir que alguém perdeu a fé (http://networkedblogs.com/asN9w). Quando este alguém é um pastor, responsável por fortalecer a fé das ovelhas e por zelar pela vida espiritual delas, a notícia torna-se um tanto mais triste. Todavia, o que é triste ainda pode ser legítimo. Cremos em Deus e o louvamos pela possibilidade do livre arbítrio. A nós, que permanecemos no barco do cristianismo, cabe apenas orar e pedir que Deus interceda pela vida do ex-pastor, que ele tenha um reencontro com Deus e que aquilo, ou melhor, Aquele em quem ele já acreditou volte a fazer sentido.
O que torna notícias de pastores “desviados”, para usarmos um jargão evangélico que para mim faz muito sentido, ainda mais tristes e dramáticas é o fato desses líderes de igrejas continuarem em seus cargos, não por picaretagem ou oportunismo, mas porque não sabem fazer outra coisa na vida além de pastorear e porque correm o risco de verem tudo ao seu redor desmoronar. Para estas pessoas, sem fé e sem autenticidade, a vida passa a ser uma mentira; eles precisam esconder sua nova condição, de agnóstico, de ateu, até de suas esposas e famílias, de seus amigos mais próximos, e continuam pregando, orando, aconselhando e usando a bíblia como principal ferramenta de trabalho. Os mais honestos ainda selecionam os textos de seus sermões, buscando falar sobre valores em que ainda acreditam – valores, não sobre um Deus que criou tais valores – outros, vão passando da crise para o esconderijo e daí para o cinismo, manipulando a Palavra de Deus e os membros de suas igrejas, transformando a fé alheia em negócio, em moeda de troca.
É triste alguém perder a fé. Mais triste ainda quando se trata de um pastor. Triste e sufocante perder a fé e precisar usar uma máscara; triste e canhestro perder a fé e transformá-la em cinismo e manipulação. Não há receita para este problema, mas, acredito, seria bem o caso das igrejas começarem a incentivar que seus pastores e seminaristas tenham outra formação, além a de teólogo e pastor. Um modo prudente e positivo de evitar que a fé vire um mero osso a ser roído.

Um comentário:

Pablo, o Silva disse...

Li no Pava e vim dar uma xeretada.
Bons textos!
Abraço, maninho!

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