domingo, abril 04, 2010

creio

creio
que feito enlace entre nuvens e ares
devagar a gente se encaixe
como a lua frisada nas águas
e o que é amor,
guardado em fogo sob os mares,
virá em erupção,
iluminando céus e altares.

Páscoa para todos

O feriado de Páscoa chega ao fim nessa noite pós-chuva de outono. Chocolates, bacalhaus, vinho, vatapá, sorvete, bolos. Uma e outra igreja, algumas famílias e pessoas sozinhas se lembraram das motivações religiosas da festa. No mais, filmes cristãos com atores sofríveis pavimentaram nossa via crucis.
Sou protestante, mas tenho pra mim que não é necessário ser cristão para irmos além do coelhinho que entrega guloseimas na Páscoa. A origem da festa, segundo o Antigo Testamento, é um ato de resistência e de empenho pela liberdade, com uma grande ajuda do divino, mas com a fé e a união de um povo escravizado. Há uma série de palavras, símbolos e imagens que deixam a história muito interessante: o sangue aspergido nas portas, o passeio do anjo da morte, antes as 10 pragas, a disputa entre Moisés e os magos egípcios, a trairagem do faraó, que após liberar os hebreus colocou seus soldados no encalço do povo desarmado, o Mar Vermelho que se abriu... a história, de tão conhecida, contestada, ridicularizada, perde sua estética, sua literatura e seu encanto.
Você ainda não crê no Cristo ressurreto? Acha tudo que é religioso uma chatice imposta pelas classes dominantes para manipular o povo iletrado? Tem alergia a chocolate? Pense que sempre é bom celebrar a liberdade de um povo, comemorar a vitória do mais fraco oprimido sobre o mais forte – e desonesto – opressor. Poder fazer isso tendo à mesa família e amigos, e saboreando bacalhaus, chocolates, bolos, vinhos, é um privilégio. E o coelhinho, desde que saiba o seu lugar, não precisa ser barrado na festa!

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