segunda-feira, novembro 29, 2010

A crônica clássica de Mily Lacombe

No meio de um turbilhão de compromissos, resenhas, aulas, revisões, expectativas, lançamentos, projetos, trabalhos, frustrações, leituras e mais leituras e ainda mais leituras obrigatórias e atrasadas acumulando-se sobre a mesa, em cima do criado-mudo, embaixo do travesseiro, na mochila, no puf e até nas estantes, parei para ler Tudo é só isso, da jornalista multifuncional Mily Lacombe. Trata-se de um tratado pessoal sobre o amor, em grande parte o amor familiar, mas também o fundamental amor próprio e o amor à companheira – aquele amor que dá um colorido específico à vida.
Afirmar que o texto de Mily algumas vezes alcança um lirismo da estatura de Rubem Braga é o suficiente para você voar atrás do livro. A autora consegue em algumas crônicas tocar-nos nos ponto certo, da maneira certa, com leveza e segurança, para que vivamos nas leituras rápidas, aquilo que ela mesma viveu. O grupo de “personagens” é relativamente pequeno – “a mulher que eu amo”, pai, mãe, irmãos, sobrinhos, a avó, cunhados – e por isso criamos um relacionamento com eles, enquanto vamos conhecendo suas manias, qualidades, defeitos, enfim, sua humanidade.
Mily nos traz o sabor de um passeio “secreto” com o pai; a intensidade dos primeiros instantes de uma paixão duradoura; o fracasso de um projeto de “noite romântica perfeita”, que, mesmo com tudo dando errado, acabou terminando um jeito surpreendentemente “perfeito”. A escritora também faz associações inusitadas, como o acidente doméstico que gerou sua proibição de participar das atividades culinárias natalinas, mas que não a frustrou muito, pois ela vivia o momento maravilhoso de estar apaixonada e ser correspondida; ou a aproximação da morte da avó, que serviu, de um modo ao mesmo tempo triste e divertido, por conta da lembrança de uma brincadeira da infância, para aproximar mãe e filha. O mérito de Mily é lapidar momentos preciosos de situações simples, prosaicas, corriqueiras em qualquer família, como o momento do jantar, mas únicas para cada uma. É nisso que ela se aproxima de Rubem Braga e de outros cronistas clássicos. Também é nisso que a escritora se afasta de boa parte dos cronistas e colunistas atuais, preocupados que andam em parafrasear economistas e críticos literários, forjando uma escrita que não se identifica nem com os áridos textos acadêmicos nem com o rico cotidiano das pessoas comuns, prodigo em assuntos e sentimentos.
Mily, ao lado de Antônio Prata, pode salvar este gênero tão gostoso e brasileiro, com seus textos sem rancor, sem ranger os dentes, e por isso mesmo tão poderosos.
A questão da sexualidade da autora – gay assumida e, de certo modo militante, mas sem a chatice panfletária e antipática de muitos grupos organizados – perpassa todo o texto, tanto nos momentos de conflito com familiares, especialmente quando decidiu assumir sua homossexualidade, quanto nas histórias em que a companheira de Mily – “sua mulher”, com a autora prefere – aparece. E não, não há um erotismo calculado para atrair a atenção de lésbicas e homens pervertidos, ou aguçar a curiosidade das mulheres hetero; a sensibilidade da autora agracia o autor, com um comedimento preciso, que deixa as emoções dançando diante de nós. São crônicas líricas, intimistas, refinadas. Crônicas clássicas.
A lamentar apenas o fato de a escritora torcer para dois times – o que em si já é uma coisa bem estranha – e nenhum dos dois ser o Santos; pior, a moça arrasta uma de suas asas para o Corinthians...
Além desse defeito imperdoável, lamentos, de fato, que a revisão não tenha sido das melhores, mas nada que uma segunda edição não salve. Mas as crônicas em si salvam qualquer tarde monótona, ou aquele momento em que, deitados, aguardamos o sono. Depois de ler Mily, dormimos bem e sonhamos com os anjinhos...

quinta-feira, novembro 25, 2010

Contra-aforismos VIII e IX de o anticristo

VIII
Sabe por que decidi escrever esse Antinietzsche? Por que ele me considerou seu antagonista. Apesar de não ser teólogo, tenho sangue de teólogo, assim como C.S. Lewis, Martinho Lutero, Martin Luther King, Chesterton, Ariovaldo Ramos, T.S. Eliot, Santo Agostinho, Jorge de Lima, Murilo Mendes, Guimarães Rosa...
Não quero dizer com isso que tenha o talento deles, mas o mesmo tipo de inquietação, a mesma fé (não é bem a mesma fé, mas temos em comum o fato de que temos fé), almejamos o mesmo futuro para a humanidade.
Agora, cá pra nós, o bigode dizer que há nos teólogos presunção porque, sentindo-se por algum motivo mais elevados, “olham a realidade com superior indiferença” é piada. Ou Nietzsche, marotamente, incluiu-se entre os teólogos, por ter ele mesmo estudado teologia, e por olhar a realidade com superior indiferença, ou fez aqui o que Freud, ou ao menos os psicanalistas amadores, chamaria de “transferência”, passando para os “inimigos” defeitos que ele mesmo tem, mas dos quais não se dá conta.

IX
É verdade que existe uma fé doentia, que mergulha seus adeptos numa letargia covarde, que vê em cada fracasso, cada injustiça, em cada absurdo a justificativa de que Deus está por trás de tudo, arregimentando tudo, controlando tudo. De fato, essa fé agride o próprio princípio cristão, que se caracteriza pela inconformidade com a injustiça, a covardia, a imoralidade, a corrupção, a opressão. Jesus, o Cristo, não pregou a passividade, mas a sabedoria e a atitude em prol de uma causa maior. Pregou a não violência, ou antes de pregá-la, a viveu, assim como a misericórdia, a mansidão, a justiça. Jesus não se conformou a nada que não fosse a sua própria consciência, totalmente alinhada à consciência do Pai. Uma fé passiva, subserviente, fraca, conformista, não serve, assim como a fé voltada para o próprio umbigo, dura, agressiva, incapaz de colocar o próximo acima e à frente, também, não. Aquela, não resta duvida, é a fé dos otários; esta, é a fé do bigode – e nenhuma das duas é cristã.
Seria verdade que a guerra é o triunfo da humanidade, ou que ao menos encaminha a humanidade para o triunfo? Seria verdade que a ideia de força, de virilidade, é realmente mais produtiva e nobre do que a compaixão? Seria possível que Nietzsche, se não contasse com a compaixão da irmã e de meia dúzia de gatos pingados (meia dúzia de três ou quatro, vale frisar) alcançasse a importância que adquiriu na História? Ora, vale perguntar, se é fato que boa parte dos teólogos não compreende o que venha a ser a Verdade – ou a manipula sem o menor escrúpulo –: não é mentira que nem tudo que sai da cabeça do Bigode é verdadeiramente verdadeiro.

terça-feira, novembro 23, 2010

Ao pastor que não me ouve

Aqui vai mais um texto de uma ovelha mansa.
Dessa vez, quero escrever algumas sugestões – as pessoas cada vez menos gostam e acreditam me conselhos, veem neles, uma inveja recalcada, uma tesoura pronta a podar nossos sonhos e atitudes, acreditam que os conselhos são o bafo de satanás em nossos ouvidos. Penso que, como o senhor sequer me lê, o exercício será vão. Mas eu não tenho coisa mais interessante a fazer – há um mundo por ser consertado, há pessoas precisando de amor, há famintos, corações dilacerados, mas, buscando seguir os seus passos, fico aqui pensando, pensando, pensando, sem compromisso algum com a prática. Vamos ás sugestões:
O senhor já é homem maduro. Criou todos os filhos, todos prontos para encarar o mundo. Sua mão protetora, o sustento que partiu do suor do seu rosto – justíssimo salário, não questiono isso! – permitiram que sua família pudesse se manter e que todos agora possam caminhar com seus próprios passos. Há pouca coisa para planejar, do ponto de vista financeiro, para o futuro. O senhor tem casa, carro e algum dinheiro no banco. Seu salário continua gordo. Suas estantes estão cheias, há sempre um amigo querendo presenteá-lo com um CD, um livro, há viagens de negócios que podem facilmente fornecer alguns momentos de ócio. Quão nobre seria de sua parte abrir mão de parte de seu salário para o Reino de Deus! Não entenda que o Reino de Deus é algo que separa alma e espírito. As pessoas precisam conhecer o evangelho e precisam comer! Participar de vigílias e de estudar! Os cultos precisam de instrumentos musicais que funcionem e os que cultuam precisam de roupa limpa, nova! O livro novo, a viagem dos sonhos – caríssima – o sapato elegante – importado – não podem ser deixado de lado em nome de uma causa nobre, justa, que envolva realmente ação? Precisam...
Quer outra sugestão? Fuja das mesas fartas. Fuja dos tapinhas nas costas. Fuja dos olhares que brilham ao verem o senhor como se vissem o Pe Lu da banda Restart! Tudo bem, como se vissem o Chico Buarque fazendo suas caminhadas pelo Leblon ou pela floresta da Tijuca. São olhares de admiração, logicamente, mas alguns escondem idolatrias cultivadas a ponto dessas pessoas passarem a defendê-lo mesmo que o senhor se torne o mais novo entusiasta do neonazismo. Estas pessoas, que lhe cobrirão de carinho – e sempre é bom ser amado, quem duvidará disso? – são incapazes de repreendê-las. Já nas mesas fartas os problemas reais do mundo, viram apenas teses, especulações, material para retórica. Nas mesas fartas, nos lugares de honra, a verdade não se esconde, nem aparece. Ela é escamoteada. Freqüentar estes lugares nos deixa, pouco a pouco, arrogantes, donos da verdade – e bater nos donos da verdade, com o tempo, torna-se apenas mais um exercício de arrogância, não de compaixão. A gente decreta máximas, despreza pessoas que não participam da mesma ceia que nós, e fica pensando que está defendo o que é certo e combatendo o que é errado. As mesas fartas e os tapinhas nas costas, além dos olhares brilhantes de admiração cega e fecham a porta para verdade. Ficamos trancados em salas cheias da nossa verdade, que muitas vezes não passa da afirmação d que tudo é verdadeiro, ou que nada pode ser digno de ser chamado de verdade – mentirinhas nietzscheanas que estão na moda.
Finalmente, sugiro ao senhor que volte a ler Sócrates (Platão, leia Platãom as ouça Sócrates). Ele era bem arrogantezinho, mas tinha um talento imenso para estabelecer o diálogo, do qual não fugia nunca, principalmente com as pessoas de quem discordava. A riqueza intelectual mora na discordância produtiva.
O senhor bem deve ter percebido como sou um autêntico discípulo seu. Escrevi máximas, algumas bem legais, outras de gosto duvidoso, como convém a quem não é genial. Mas por ora ainda me falta crer na própria genialidade – nestedia, fundarei a minha própria igreja!

sexta-feira, novembro 12, 2010

Pastor ou hiena?

Sempre é triste para um cristão ouvir que alguém perdeu a fé (http://networkedblogs.com/asN9w). Quando este alguém é um pastor, responsável por fortalecer a fé das ovelhas e por zelar pela vida espiritual delas, a notícia torna-se um tanto mais triste. Todavia, o que é triste ainda pode ser legítimo. Cremos em Deus e o louvamos pela possibilidade do livre arbítrio. A nós, que permanecemos no barco do cristianismo, cabe apenas orar e pedir que Deus interceda pela vida do ex-pastor, que ele tenha um reencontro com Deus e que aquilo, ou melhor, Aquele em quem ele já acreditou volte a fazer sentido.
O que torna notícias de pastores “desviados”, para usarmos um jargão evangélico que para mim faz muito sentido, ainda mais tristes e dramáticas é o fato desses líderes de igrejas continuarem em seus cargos, não por picaretagem ou oportunismo, mas porque não sabem fazer outra coisa na vida além de pastorear e porque correm o risco de verem tudo ao seu redor desmoronar. Para estas pessoas, sem fé e sem autenticidade, a vida passa a ser uma mentira; eles precisam esconder sua nova condição, de agnóstico, de ateu, até de suas esposas e famílias, de seus amigos mais próximos, e continuam pregando, orando, aconselhando e usando a bíblia como principal ferramenta de trabalho. Os mais honestos ainda selecionam os textos de seus sermões, buscando falar sobre valores em que ainda acreditam – valores, não sobre um Deus que criou tais valores – outros, vão passando da crise para o esconderijo e daí para o cinismo, manipulando a Palavra de Deus e os membros de suas igrejas, transformando a fé alheia em negócio, em moeda de troca.
É triste alguém perder a fé. Mais triste ainda quando se trata de um pastor. Triste e sufocante perder a fé e precisar usar uma máscara; triste e canhestro perder a fé e transformá-la em cinismo e manipulação. Não há receita para este problema, mas, acredito, seria bem o caso das igrejas começarem a incentivar que seus pastores e seminaristas tenham outra formação, além a de teólogo e pastor. Um modo prudente e positivo de evitar que a fé vire um mero osso a ser roído.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Beijos & Versos

Ana Maria Machado afirma no prefácio do livro Comédias Para se Ler na Escola, de Luis Fernando Veríssimo, que é tão absurdo dizer “eu não gosto de ler” quanto afirmar “eu não gosto de comer”. Assim como não gostamos de tudo que nos oferecem à mesa – Couve? Repolho refogado? Quiabo? Coco? Argh! – também não podemos dizer que não apreciamos absolutamente nada que seja escrito.
Sim, a variedade de opções de leitura é tão grande quanto os gostos de cada indivíduo e, imagino, muito maior do que as opções gastronômicas disponíveis.
Mas, além da multiplicidade de opções de que podemos dispor quando o assunto é leitura, a afinidade entre o texto e quem lê também é fundamental, e pode ser tão íntima quanto um beijo pode ser.
Ler é como beijar! O leitor de lábios calejados, experimentados, bem sabe que um beijo não depende só de uma pessoa: é um ato conjunto, em que damos e recebemos algo ao mesmo tempo. Algo bom, esperamos, mas que muitas vezes, independentemente da habilidade dos parceiros, a coisa desanda. Por mais exímio beijador que você seja, se o(a) parceiro(a) de bitocas não têm uma pegada significativa, a coisa pode babar. E muito!
Assim como o beijo, a relação entre leitor e texto – e não entre leitor e autor, vale frisar – é única, pessoal e intransferível. Ambos, quem lê e o que é lido, precisam alcançar a mesma sintonia. E não, o fato do texto não agradar a um leitor, não quer dizer nem que o texto seja ruim, muito menos que o leitor seja burro. Significa que, naquele momento, os dois não estavam na mesma “vibe” – e nada impede que, num futuro, próximo ou longínquo, os dois não possam tentar de novo e, aí sim, se completarem. Da mesma forma, o texto que se apresenta exuberante hoje, no futuro pode parecer imaturo, extravagante, pedante e perder o encanto, enquanto o leitor pode ficar mais insensível, exigente, relapso, conservador, chato...
O importante mesmo, para beijos e leituras, é continuar praticando, experimentando. Contudo, creio, a promiscuidade com os textos é bem mais saudável do que a promiscuidade dos beijos. Pelo menos é muito mais “seguro” e nos leva a experiências bem mais diversas do que um beijo – por mais saboroso que ele seja.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Comentário e contra-aforismo VII

Pensamento inconcluso
Esse Nietzsche, na verdade, tinha uma grande inveja de Jeová, pois achava-se mais apto para o cargo de Deus. Afinal, em seu currículo constavam Filologia, Letras Clássicas e uma boa experiência em platonices abesteiradas e como queridinho da irmãzinha desprovida de grandes atributos estéticos.
Dionísio Pennafort, crítico literário obtuso e igualmente rancoroso, protestante, num momento de desabafo quase contido.

VII
Há vertentes do cristianismo que são completamente nietzscheanas, pois renegam o exercício da piedade. Nesses casos, seja pela ambição desmedida de poder – pensemos em alguns papas glutões, devassos e tiranos – seja pela busca incessante por bens materiais e curas milagrosas, na contramão cristã denominada Teologia da Prosperidade, a piedade é sinônimo de fraqueza. No primeiro caso, os personagens são déspotas e pronto. No segundo, o povo, guiado por cegos, acredita que Deus criou um sistema no qual pode tornar-se refém de quem agir de acordo com um determinado programa que inclui falso moralismo e grandes sacrifícios em forma de gordas ofertas a determinados “ministérios”. Aqueles não são piedosos por opção de vida; esses, nem lembram que a piedade existe, e a julgam mesmo desnecessária, pois quem carece de piedade está em falta com as prestações do carnê do baú da felicidade celeste.
De fato a piedade é antinatural e luta ao lado dos condenados pela vida. E é justamente por isso que a morte do Nazareno não foi desproporcional: sendo todos nós condenados pela vida, só mesmo um grande sacrifício para nos salvar a todos.
Em nossos tempos, podemos dizer que a piedade cristã é falha quando não existe – na Teologia da Prosperidade, por exemplo. Não é piedoso o que condena, o que ultraja, o que oprime – seja ele cristão ou não. O único problema da piedade é quando ela ocorre num sentido de superioridade de quem a pratica, pois isso implica no piedoso julgar aos outros inferiores; quando ela é praticada na forma da compaixão e da identificação – estamos todos no mesmo rebanho de condenados – torna-se elevada, sublime, iguala os homens, estabelece a paz e desdenha dos conflitos e da guerra. É assim que a vida é preservada, sem a nojenta prática do darwinismo social, ao qual o próprio sifilítico, meio doido, enxaquecado, nauseabundo, estrábico e feio pra diabo Nietzsche não sobreviveria.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Contra-aforismos V e VI para o Anticristo de Nietzsche

V
Toda vez que o cristianismo trava uma guerra, fracassa, principalmente quando a vence. A única guerra válida acontece no campo espiritual...
De fato, como bem disse Nietzsche, o cristianismo é para os fracos, pois esses precisam ser fortalecidos, por isso buscam a Deus. Os fortes, normalmente, são capazes de grandes feitos, como as guerras mundiais, a invasão ao Iraque e ao Afeganistão e o atentado de 11 de setembro, e costumam chamar a seus adversários de parlapatões, como nosso ex-presidente Fernando Collor.

VI
Um belíssimo espetáculo se apresentou diante de mim: a troca da virtude pelo amor (é piegas, eu sei, mas até Shakespeare perde a mão de vez em quando).
Um aterrador espetáculo se apresentou diante dos meus olhos. Um homem altamente erudito gastou suas poucas energias transformando paranoia em filosofia e arregimentou um exército de seguidores ao longo dos séculos.

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