terça-feira, fevereiro 22, 2011

Pastor sem discípulo?

Pastor hoje em dia é quase sinônimo pleno e absoluto de ladrão, picareta, estelionatário. Como quase toda generalização é mentirosa e Bíblia fala até em “bom ladrão”, é preciso afirmar que há, sim, pastores honestos, alinhados com uma vocação genuína e preocupados com a pregação de sua fé e o bem-estar de seus liderados. Eu mesmo conheço uns quatro ou cinco assim!
Há também alguns pastores que, mesmo não sendo ladrões, picaretas e estelionatários, cometem alguns “desvios sacerdotais” que precisam ser combatidos antes que virem moda. Tudo bem: que já viraram moda.
Entre estes probleminhas de conduta – que não chegam a ser mau-caratismo, cabe frisar – está o péssimo hábito de alguns pastores de não fazerem discípulos. Entre eles, há os que mal sabem o que é um discípulo de verdade.
Sabe aquele pastor que não delega, não compartilha, que centraliza tudo em torno de si? Pois é, este pastor não sabe fazer discípulos. Se tudo está na mão dele, precisa ter a cara dele, passar por ele, não há treinamento, experiências compartilhadas, crescimento das pessoas ao redor. O cara é um déspota, esclarecido ou não.
Sabe o pastor que organiza seu trabalho de tal modo que a grande vedete de sua igreja é ele mesmo? Aquele que atrai pessoas de longe para vê-lo pregar? Este também não faz discípulos; no máximo, cria plateias; ele não tem ao seu redor pessoas que, aprendendo com ele, partirão para outras vizinhanças a praticar o que aprenderam.
Às vezes, na maioria das vezes, o pastor celebridade possui ao seu redor um grupo de pessoas que, em vez de discípulos, são meras cópias, não autenticadas e de baixa resolução. Elas pensam que estão se tornando líderes tão grandes quanto o pastor que imitam, mas serão sempre arremedos, copiando ideias, hábitos e até os tiques do “mestre”. Nesse caso, nem o exemplo nem o exemplar percebem que um verdadeiro discípulo aprende com o mestre, mas mastiga, deglute e acrescenta algo ao que aprendeu: tem cara, gosto, cor e luz própria. Este tipo de relação é doentia e não permite que os imitadores cresçam, pois ficarão sempre à sombra de alguém “maior”. E para o público, o corpo da igreja ou qualquer outro grupo de pessoas, será sempre mais interessante ver o original do que contentar-se com uma pálida xerox.
O que dizemos dos pastores vale para professores, artistas, chefes e líderes em geral. Alguns dos discípulos que romperam com seus mestres deram enorme contribuição para a humanidade. O caso mais famoso talvez seja o de Aristóteles, que afastou-se de Platão e por isso entrou para a história – assim como Platão também já entrara. Claro que, quando o paradigma é péssimo, o melhor é romper, a não ser que o mau-caratismo (duas vezes esse termo no mesmo texto? Puxa...) do aprendiz seja ainda mais baixo, ou amador do que o do líder. Nesses casos, o desastre virá de qualquer lado. Na política abundam histórias desse tipo, “nunca mais votem em mim” etc.
É muito bom ser disciplulado por alguém, ter um exemplo, um padrão. Isso serve no caso de pastores, pais e filhos, amigos, professores e alunos etc. Mas é preciso traçar o próprio caminho. Pastores que não se preocupam em preparar líderes de verdade, que não largam o osso, que não espalham, no bom sentido, não são pastores de fato. Desconhecem que o trabalho, a “obra”, seguirá quando eles partirem. São pessoas apegadas ao poder e que atribuem a si uma importância que na verdade não têm, e isso tudo quando são bem-intencionadas! Nem falo dos ladrões, picaretas e estelionatários, que esses não são pastores mesmo!
A vitória de qualquer líder é auxiliar na formação de pessoas melhores, mais competentes do que eles mesmos, e não dar a entender que são insubstituíveis, nem formar um exército de imitadores baratos.

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