segunda-feira, julho 09, 2012

Adeus Lênin, adeus Ganso



A primeira parte do título acima faz referência ao filme alemão de 2003, do diretor Wolfgang Becker. Nele, a mãe do protagonista, defensora árdua do regime ditatorial da Alemanha Oriental entra em coma justamente durante o período da queda do muro de Berlim. Como ela não pode passar por emoções fortes, sua família, em especial seu filho, fazem de tudo para esconder dela que os comunistas, apoiados pela já em processo de decomposição URSS, já caíram do poder.
Aquele socialismo, implantado por ditadores que prometeram igualdade e liberdade e entregaram burocracia, perseguição e apenas distribuíram mediocridade, foi tarde, sem cumprir as falácias que derramou sobre o povo. Ganso, que, tudo indica, está de saída do Santos, não fez pouco pelo Santos, mas tem se esforçado para sair pela porta dos fundos do clube. Está muito perto disso.
O jogador fez partidas antológicas pelo time da Vila, conquistou três estaduais, uma Copa do Brasil e uma Libertadores, ao lado de Neymar e companhia, mas em alguns momentos importantes, por contusão ou má vontade – agora já nem é possível saber – deixou muito a desejar. Suas apresentações contra o Corinthians, nas semifinais da Libertadores, foram pouco menos que frustrantes, como já havia acontecido contra o Vellez nas quartas de final do mesmo campeonato. Seu baixo rendimento, somado à sua crônica insatisfação com os rendimentos que o Santos lhe oferecia, deixaram a diretoria do clube irritada e os torcedores desconfiados. Não podemos ser ingratos com o meia mais talentoso da atualidade, tampouco devemos fechar os olhos para o fato de que ele não vem jogando, não vem se empenhando como deveria, na certa por acreditar que deveria estar em outro lugar, ganhando mais.
Vale lembrar que na seleção, até agora, Paulo Henrique Ganso ainda não justificou sua fama de craque. Que Giovanni, o craque e ídolo do Santos que o levou até o alvinegro praiano, rompeu com o meia problemático, sugerindo que o caráter do jovem jogador passa por uma crise de instabilidade.
O que podemos dizer ao Ganso? Obrigado pelas alegrias proporcionadas, sinta-se perdoado pelas partidas ridículas que jogou e boa sorte em seu novo clube. Eu, particularmente, se fosse dirigente de qualquer clube brasileiro, não perderia meu tempo negociando com esse atleta, pois está na cara que qualquer parada dele por essas terras não passará de uma simples escala para clubes europeus – onde ele também poderá passar a vida insatisfeito, achando que deveria estar em outro lugar. E ainda há as contusões constantes, por falta de sorte ou por ser relapso, já não podemos afirmar nada sobre Ganso.
Assim como as estátuas de Lênin que foram removidas da antiga Alemanha Oriental, o jogador está se esforçando para ser um grande estorvo, sem ponto de chegada definido. Que ele acorde antes que seja tarde, antes de virar mais uma promessa que não se cumpriu.
O que nos alivia é saber que Ganso, ao contrário de Lênin, Stálin e toda as canhestrice comunista alemã, se não cumprir o que prometeu, ao menos não será responsável por mortes, famílias separadas e regimes ditatoriais.

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