quarta-feira, junho 25, 2014

Enfim, Messi!


É a terceira Copa do craque argentino. Nas duas edições anteriores, em uma ele foi reserva; na outra, era o jogador de confiança do técnico Diego Armando Maradona. Agora, ele é Messi.
O que significa ser Lionel Messi? Ser craque? Cristiano Ronaldo, Neymar, Pirlo, Benzema, Gyan (esse menos, beleza) também são. Significa ser uma indiscutível máquina de fazer gols? Isso é parte de seu talento. Ser um líder silencioso em campo?  Esse é Drogba, que também é craque, não resta dúvida. Ser Messi é algo que vai além disso.
O camisa 10 da Argentina é um caso raro de jogador, de craque: o protagonista sem estrelismo. Nas duas primeiras Copas de que participou, Messi foi um reserva de luxo e um falso protagonista, pois Maradona de técnico, ninguém duvidará disso, concentrou as atenções na seleção dos hermanos. Agora, tendo Sabella como técnico, que passa a maior parte do tempo olhando para o campo com cara de quem tem nojo de futebol, e sem nenhum jogador que chegue ao menos perto de seu talento − Di Maria estava em ótima fase antes da Copa, Agüero é um bom jogador e Higuaín é um Fred bem piorado, os três não chegam perto do que Messi é capaz − a responsabilidade e as atenções ficaram todas sobre o melhor jogador do mundo na atualidade. É disso que ele gosta, é por aí que ele trabalha melhor.
Messi não busca os holofotes, busca apenas a eficiência e os resultados. Não faz questão de aparecer bem penteado no telão, almeja gols e vitórias. Dá a entender que não pensa nem em ser o melhor do mundo, e que isso é pouco mais que um detalhe em sua trajetória. Dá pra perceber fácil a diferença entre ele e Cristiano Ronaldo.
Messi gosta do desafio, empolga-se com a cobrança, sabe que é o protagonista, mas não despreza seus companheiros de equipe. Tímido dentro e fora de campo, Messi não faz firula no meio de campo para ver os flashes espocarem: é sempre objetivo, vertical, e quatro vezes em três jogos (sem ter jogado o tempo todo) foi eficaz.
Nesta Copa, além de deixarem Messi ser Messi, há um outro fator, que deve estar apavorando os técnicos das equipes adversárias. Ele está nitidamente feliz e a fim de jogar. Se um Messi encabulado e sonegador de sorrisos já é quase sempre letal, imaginem um craque risonho, satisfeito com seu rendimento e, mais ainda, com a sua evolução? E o pior é que nós, que amamos futebol, também estamos risonhos com seu futebol; risonhos e amedrontados, é verdade!
Neymar também tem se destacado, e sem jogar ao lado de Di Maria, por exemplo. Também tem quatro gols em três partidas (e sem jogar o tempo todo). Também gosta do protagonismo e do desafio. A diferença é que Neymar está mais próximo de Cristiano Ronaldo no que diz respeito ao apelo midiático, ao gosto pelo flash; diferentemente do craque português, no entanto, o dono da camisa 10 brasileira parece ter o fato de gostar de seus companheiros, de jogar em equipe, e é, sem dúvida, o mais carismático dos três, a despeito da beleza exterior do gajo. Messi fica constrangido com o câmera que o filma de frente, de modo ostensivo; Neymar parece um ator tarimbado diante das câmeras; Cristiano Ronaldo se distrai para observar-se a si mesmo nos telões do estádio.
Nenhum dos três precisou de cartão de visitas nessa Copa. No entanto, ao final dessa primeira fase, Messi, sempre tão discreto, achou por bem se apresentar ao mudo. E enfim, em uma Copa do Mundo, temos Messi.


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